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segunda-feira, 28 de setembro de 2015

cotidianas #395 - As Últimas Palavras



ilustração: Cly Reis
O fim se aproximava e, se não se podia afirmar que era certo, era praticamente inevitável.
Eis que um levanta entre todos aqueles espalhados pelo chão e dispara:
- Tá, tá, vamos parar cm toda essa choradeira, com essa melosidade de "ah, eu só queria dizer que blablablá", "caso a gente morra eu queria que você soubesse que papapapá e coisa e tal". Ora, vão tomar vergonha na cara! O que era pra ser dito já devia ter sido dito. Agora não adianta mais nada. De minha parte, se lhes serve de alguma coisa, eu só queria dizer que, se todo mundo morrer de verdade, mesmo, que eu não amo vocês, não tenho o menor respeito pela humanidade e, no fundo, acho que a gente merece mesmo tudo isso.
Rostos incrédulos e estupefatos encaravam aquele homem mas ninguém teve a capacidade, coragem ou argumentos para romper o silêncio tumular que dominava aquele abrigo subterrâneo.
Naquele mesmo instante, lá fora, a luz branca da morte despontava no horizonte.



Cly Reis

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