Curta no Facebook

sábado, 1 de agosto de 2015

cotidianas #384 - O Extrator



O homem saiu da sala fechando a porta às suas costas e com uma fisionomia desanimada foi logo anunciando:
- Não consegui tirar nada dele, chefe. Acho que o cara não sabe nada.
O tal chefe, sentado a uma mesa encarou o outro com ceticismo. Refletiu por alguns instantes e então rompeu o silêncio:
- Mandem buscar O Extrator, então.Se ele sabe vai acabar falando.
Levantou e dirigiu-se para a sala de onde seu capanga havia acabado de sair. Entrou, acendeu a luz e fechou a porta. Olhou atentamente curioso para o homem ensanguentado que pendia pendurado pelos braços, baixo mas sem conseguir encostar os joelhos no chão.
- E então, vai falar?
O torturado, suspenso, só então desgrudou o queixo do peito para olhar para o homem à sua frente. A muito custo conseguiu pronunciar algumas frases:
- Eu não sei onde está. Eles me enganaram também.
- Bom, se é verdade nós vamos saber agora. - e com um sádico sorriso concluiu - Mandei trazer 'O Extrator'.
O torturado novamente ergueu a cabeça, só que desta vez seu olhar trazia um misto de pavor e curiosidade.
- O que é...? - tentou perguntar.
- Não é O QUE, é QUEM. - esclareceu satisfeito o homem, e prosseguiu - É um homem muito conhecido no nosso meio, estranho até que não tenha ouvido falar nele. - observou - É conhecido por SEMPRE conseguir tirar a informação ou resposta de seu..., digamos, interrogado. E o termo correto é este TIRAR. EXTRAIR.
A expressão de pavor do preso ficou ainda mais intensa depois da breve e básica explicação. Então, ouviram-se batidas na porta.
- Oh, deve ser ele. Vou deixá-los à vontade.
Apagou a luz e saiu fechando a porta atrás de si.
O preso, o torturado só conseguia ver sombras pelo vão por baixo da porta. pareciam dois homens. Logo, pelas sombras, parecia que um deles havia saído e só um restara.
Ouviu a porta destrancar e viu a faixa de luz alargar-se.
Sentiu um arrepio e teve intimamente a certeza de que não resistiria. Não conseguiria evitar de revelar o que aqueles desgraçados desejavam.


Cly Reis

Nenhum comentário:

Postar um comentário