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quarta-feira, 15 de julho de 2015

"Selma - Uma Luta Pela Igualdade" de Ava DuVernay (2015)



Não sei se foi minha admiração por Martin Luther King e interesse nas lutas de igualdade que me fizeram gostar tanto deste filme, acho que foi um somatório de coisas. Uma obra competente, mas longe de ser genial, "Selma" (2015) não e brilhante, mas se destaca perante outras cinebiografias por sua coragem.
Logo após receber o Nobel da Paz, Martin Luther King (David Oyelowo), intensifica sua luta pelo direito ao voto dos negros norte-americanos. Ele acaba se instalado na pequena cidade de Selma no Alabama, onde planeja fazer uma marcha de lá até Montgomery mas as coisas não serão fáceis, Dr. King terá que enfrentar toda repressão dos policiais e políticos brancos que tentam impedir sua manifestação.
Dr. King recebendo mensagens divinas durante
ma das travessias da Ponte Pettusonde
David Oyelowo como Martin Luther King está muito bem numa entrega fantástica do ator, que infelizmente não foi reconhecida pela academia, pois nem indicado ao Oscar foi. Oyelowo consegue transmitir muito bem as emoções criando uma ótima sintonia entre o público seu personagem. Martin Luther King no filme é mostrado como um homem religioso, um pastor que pregava para seus fiéis. Em diversas cenas, principalmente em seus discursos, o tema é tocado. É como se King fosse guiado por uma divindade, como se recebesse mensagens de Deus. Contra partida disso, também temos a imagem do homem King, que tem medo, que erra, que não consegue lidar com os problemas familiares e quem tem suas dúvidas se esta realmente fazendo o certo. E também o político Martin Luther King, um homem cujas ações eram arriscadas e que acabavam colocando pessoas inocentes em situações de perigo, o que, de certa maneira isso funcionou, mas fazia com que diversas pessoas saíssem feridas dos confrontos liderados por ele, o que na verdadee era seu objetivo (não o principal), pois acreditava que aquilo seria por um bem maior. Todas suas ações eram muito bem planejadas, e só executadas após exaustivas reuniões com os lideres do seu movimento. Nesse ponto, na tentativa de construir uma imagem de Dr. King, o filme acerta porque tem a coragem de não apenas mostrar a imagem de Ser superior que lutou pelo direito de muitos, que se dedicou ao máximo (pagando com sua vida) pelo seu povo, mas também o lado dos jogos políticos.
Durante os encontros para organizar as marchas noturnas,
as pessoas eram instruídas a como se portarem durante a abordagem policial.
As cenas que se destacam no filme, são as tentativas da marcha de atravessar a ponte Edmund Pettusonde, na qual, na primeira tentativa a multidão negra é massacrada, pelos policiais locais liderados pelo xerife Jin Clark (Stan Houston). Toda a cena e muito bem feita, alguns momentos em câmera lenta mostrando toda violência dos policiais, a trilha sobe, misturando-se com os gritos e choros, mulheres, idosos, todos no chão sendo pisoteados pelos cavalos, sentido as fortes batidas dos cassetetes em seus corpos. Não há como você se manter indiferente assistindo essas cenas, ou você chora de tristeza, ou levanta da cadeira com raiva querendo ir lá ajudar as pessoas (no meu caso as duas coisas). O filme é todo construído para chegar a esse evento, e muito bem construído. O roteiro nos prepara para aquele momento mostrando os bastidores. O clímax do filme é a travessia da ponte.
A diretora Ava DuVernay, cumpre seu papel muito bem,com uma direção bem competente. Existe a questão das cenas noturnas nas quais falta uma iluminação mais adequada e acredito que ela tenha tentado dar um  ar realista ao filme, quase documental, mas o resultado foi que o recurso dificultou um pouco a visão do espectador. Outro ponto do filme em que ele desliza um pouco é a participação de Coretta Scott King (Carmen Ejogo) esposa de King, que demonstra estar cansada da militância do marido e tem medo devido às constantes ameaças que o marido recebe, além  de questionar a fidelidade do Dr.King. Não estou falando que a personagem é ruim ou atuação da atriz, mas sim de como ela foi aproveitada no filme. Fica a impressão que a diretora pretendia explorar mais o relacionamento dos dois mas faltou tempo, porque fica muito superficial. Fica claro que o casamento está em crise, mas temos apenas alguns diálogos do casal soltos ao longo do filme. Coretta poderia participar mais do filme explorando um desses lados da historia, a crise do casamento ou sua participação  como ativista, mas não, fica no meio do caminho, o que é um pequeno defeito mas que felizmente não atrapalha muito a narrativa do filme.
Foto real, muito bem retratada no filme.
Como falei, "Selma" e um filme corajoso, que mostra Dr. King como um político, um homem que usava sua influência para persuadir as pessoas, e inflamar a multidão. A obra mostra mais coragem e não cai em um velho clichê hollywoodiano que termina sempre com um herói branco salvando o dia. Em "Selma" isso não acontece.
"Selma", tecnicamente, não foge muito das outras produções de Hollywood, mas a entrega dos atores, que abraçaram o filme de uma forma extraordinária (inclusive Oprah Winfrey, está muito bem), muitos motivados pelo fato de seus pais ou avôs terem participado desta luta, e de quase  100% do elenco ser negro, garante um peso dramático e uma força fenomenal para obra.
Com certeza o filme vai mexer com quem assistir, vai fazer as pessoas refletirem, e olharem para as lutas pelo direito à igualdade, (que continuam até hoje, sejam negros, homossexuais, índios, mulheres, etc...) pelo olhar de quem sofre por causa da discriminação. É triste você ver a luta de pessoas que simplesmente querem ser vistas, como cidadãos quando simplesmente não deveria existir luta nenhuma para isso. Não deveria haver luta para você ser aceito do jeito que você é, mas infelizmente existe, e o preconceito continua ate hoje com força. Temos que nos inspirar em pessoas como Martin Luther King para que possamos combater isso com força.




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