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quarta-feira, 22 de julho de 2015

“Industrial Soundtrack for the Urban Decay”, de Amélie Ravalec e Travis Collins (2015)





O documentário “Industrial Soundtrack for the Urban Decay”, dirigido  por Amélie Ravalec e Travis Collins, lançado em 2015, pode ser visto como um complemento ao documentário Synth Britannia, produzido e exibido pela BBC inglesa, seis anos atrás. Os ângulos específicos, no entanto, são distintos: o primeiro tenta traçar uma genealogia crítica da música industrial, numa perspectiva fan-friendly, com muito ânimo e engajamento "do-it-yourself"; o segundo se dirige, prioritariamente, às estéticas decorrentes do uso do sintetizador na música pop (a partir daí, vários artistas e gêneros musicais são relacionados, do pós-punk em diante).
Apesar disso, há entre os dois filmes, de fato, uma conversa involuntária, uma certa linha de continuidades, um fluxo de recorrências e informações compartilhadas. Resulta daí – se os assistíssemos numa só sequência – um panorama útil de uma vertente criativa bastante operativa, rica e importante, tanto no underground quanto no mainstream da música popular massiva.
Cena do documentário sobre a Synth Britannia
“Industrial Soundtrack for the Urban Decay” não se destaca pela estrutura narrativa que adota – afinal, explora a mesma alternância "imagens de arquivo-entrevistas-imagens de arquivo" que vemos em muitos documentários. Pode também ter cometido alguns esquecimentos graves e alguns exageros no modo como cerca seu tema principal, encontrando ramificações e causas discutíveis, correlações forçadas, influências muito determinantes entre a música industrial e as vanguardas do começo do século passado – a influência situacionista, o Dadaísmo, o Futurismo, a devoção aos escritores William Burroughs e J.G. Ballard, o paralelo com o movimento punk.
De todo modo, há um vistoso trabalho de arquivo, há um ótimo resgate arqueológico: surgem registros de shows obscuros e mesmo de bandas pouco conhecidas. São imagens raras, de uma juventude inquieta numa Inglaterra em crise – eram os difíceis e convulsivos anos do governo Thatcher, nos inícios de 1980. Forjava-se ali, à saída e à semelhança das fábricas, mimetizando-se a sonoridade e o ambiente pesados da indústria siderúrgica, uma nova orientação à música e à cultura pop contemporâneas. Uma marca indelével, escrita, literalmente, a ferro e fogo.


trailer de "Industrial Soundtrack for The Urban Decay"






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