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domingo, 15 de fevereiro de 2015

cotidianas #351- No Meio


O Marcão era um sujeito grande. Tinha mãos que pareciam raquetes de tênis de tão gigantescas. A sensação era de que se pegasse alguma coisa com aquelas patas, o que quer que fosse seria reduzido a pó. Até por isso, alimentando essa impressão a seu respeito brincava se pegasse mulheres muito magras, as destroçaria. Justificava por isso seu gosto por mulheres mais corpulentas, mas cheinhas.
E o pior é que o Marcão fazia sucesso com as mulheres, fosses gordas ou magras. Os amigos se impressionavam quando tentavam dar em cima de uma, jogavam uma conversa, mas quem elas queriam? O Marcão. E não foi diferente naquele dia no churrasco do Túlio. Todo mundo, o Duca, o Raul, Ricardo, Choco, estava de olho numa magrinha loirinha, minhonzinha, pequeninha, uma graça, uma bonequinha que tinha sido levada pela Melissa, a esposa do Célio, mas adivinha pra quem ela arrastou a asa? Pro Marcão, é claro.
Lá pelas tantas da festa, o Célio chegou pro Marcão e disse:
- Eu não sei o que que tu tem, Marcão, mas a amiga da minha mulher, aquela ali – disse apontando discretamente – quer te conhecer.
- Não é boa ideia – disse o Marcão.
- Não é boa ideia? Tu tá maluco? Tá toda a galera babando pela menina e tu fica aí cheio de frescura?
- Não, ela é linda e tal, mas... só não acho que seja boa ideia. Se eu pego uma mulher dessa, eu parto no meio.
- Ah, vai te catar, Marcão. Eu vou trazer ela aqui, vou apresentar vocês.
Não adiantou nem o Marcão tentar impedir o amigo que já ia saindo festa afora se embrenhando entre os outros convidados em direção à garota de corpo de manequim de passarela.
Levou a moça até o amigo e apesar de toda a relutância, não havia como negar o Marcão gostara do que vira. Conversaram, beberam juntos, riram e, não deu outra, acabaram na casa do Marcão.
Entre beijos, apalpos, amassos e línguas tiravam a roupa rápida e apressadamente, quando o Marcão ainda tentou advertir a garota:
- Moça, olha, eu não acho que seja uma boa ideia.
Resfolegante, beijando e mordendo o peito do Marcão, ela perguntou sem interesse pela resposta:
- Que?...mmmfff... tu é casado...mfff!?
- Não,... aaahhh... é que... uuuhhh..
- Então, relaxa – disse fazendo-o deitar na cama.
E começaram. O Marcão por cima. Segurando a garota pelos pulsos. Estocando, estocando. Homem grande, pesado, ele tentou controlar o ímpeto no início, mas diante daquela coisinha ali, na frente, embaixo dele, logo logo passou a acelerar o ritmo, imprimir mais força mais força mais força, até que... O que se ouviu foi aquele barulho molhado de carne dilacerada. Partiu-se em dois como um pedaço de papel. O Marcão viu-se então deitado de bruços na cama, com a cara numa sopa de tripas, com uma metade da mulher em cada mão.
Apenas, enfastiado com a situação, nada mais que isso, mas aparentemente, sem demonstrar muita surpresa, o Marcão olhou para cada uma de suas mãos segurando aquelas outras mãos da qual pendiam metades de um corpo, uma de cada lado, e simplesmente exclamou:
- Eu avisei que isso não ia dar boa coisa.



Cly Reis

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