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sábado, 16 de agosto de 2014

Dire Straits - "Brothers in Arms" (1985)





"Eu quero 
a minha MTV"
"Money for Nothing"




Com um rock qualificado, trabalhado e técnico mas altamente acessível, os Dire Straits, liderados por Mark Knofler, conquistavam o público e registravam um dos discos mais importantes e marcantes dos anos 80: “Brothers in Arms” (1985). Recheado de sucessos, o álbum reafirmava as influências de country e blues no som daqueles britânicos, com um apelo pop eficientíssimo e certeiro.
Embora seja um dos álbuns marcantes da era digital, do início da era do CD, é mais um daqueles que vale a pena ser lido e entendido como LP, uma vez que cada lado do bolachão tem suas diferentes características. O lado 1 extremamente pop, trazia todas as músicas que tocaram à exaustão nas rádios e na então incipiente MTV, à qual, curiosamente, numa crítica bem-humorada, com o clássico “Money for Nothing”, ajudaram a consolidar pela menção à emissora na letra da música e pelo emblemático videoclipe, que hoje pode parecer um tanto primário e tosco no que diz respeito a recursos técnicos, mas que, pela linguagem, permanece sendo ainda hoje, um dos exemplares mais importantes do formato. Já na segunda metade, o lado B, encontramos um trabalho mais autoral, um pouco mais experimental e até, por assim dizer, mais introspectivo, com exploração de diferentes estilos.
Uma sequência de grandes sucessos encaminha o início do álbum: “So Far Away” é a que faz a s honras de abertura confirmando o gosto de Knofler pela música americana, num adorável country conduzido por uma suave slide-guitar; a já citada “Money for Nothing”, um empolgante rock de guitarra distorcida e riff alucinante é o grande destaque do álbum, uma das melhores canções dos anos 80 e por certo um dos clássicos definitivos da história do rock; a segue “Walk of Life” um pop alegrinho de teclado grudento; vem a romântica e melosa “Your Latest Trick” com um sax de motel ao estilo Kenny G, mas que ao contrário do que se pode pensar pela descrição, é bastante interessante; e o lado fecha com a longa balada “Why Worry”, uma delicada canção de amor que muito embalou as reuniões dançantes da década de oitenta.
Virando o bolachão, a embalada “Ride Across the River” abre os trabalhos flertando com o reggae numa canção que demonstra toda a capacidade compositiva diversificada da banda. “The Man Too Strong”, que a segue, é um exemplar country mais característico que “So Far Away” ou mesmo “Money For Nothing”, onde tal sonoridade aparece mesclada numa linguagem pop. “One World”é um blues com um colorido todo pop, abrilhantado por toda a qualidade técnica da guitarra de Knofkler; bem como “Brother in Arms”, outro blues, este grandioso, com ares de progressivo, uma balada melancólica, que também teve algum sucesso e encerra a o disco como uma grande obra merece ser finalizada.
Por conta da insistente execução pública de mais de 60% das músicas do álbum, em rádios, TV's, festinhas juvenis ou onde quer que fosse, o disco se tornou um clássico dos anos 80 e “Money For Nothing”, especialmente, um de seus maiores símbolos, sonoros e visuais. Mas o álbum é mais do que um amontoado de mega-hits. Muitas vezes, considerando grande parte das coisas que caem no gosto popular costuma ser de qualidade duvidosa, somos levados a desconfiar que alguns trabalhos que agradam ao grande público sejam mero produto de entretenimento descartável. Assim, pode-se imaginar que um disco como este, com tantos sucessos, seja uma baba, um disco empurrado goela abaixo do público abaixo de uma irritante insistência videoclípica. Neste caso penso que foi ao contrário: embora admitindo que tivesse um apelo pop superior aos álbuns antecessores da banda, no caso de “Brothers in Arms”, a qualidade do álbum prevaleceu chegando ao grande público e se impondo em forma de grandes sucessos. Sem falar que o público daquele momento, filho do pós-punk, era um pouco diferente do de hoje, mais preparado e mais sequioso por ouvir coisas interessantes, o que fazia com que trabalhos bem concebidos, executados com boas influências tivesses um aceitação e acolhimento imediato.
E, ironicamente, a brincadeira com a emissora e com o mundo pop em geral, que poderia vir a ser gol contra, um tiro no pé, acabou por tornar-se um grande trunfo da banda. Por acaso? Não, é claro! Sem propósito não foi, não sejamos inocentes. Mas que mal há de se utilizar dos recursos que o próprio universo pop oferece.
Que bom.
Antes outros grandes discos como este fizessem tanto sucesso.
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vídeo de "Money for Nothing" - Dire Straits


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FAIXAS:
  1. So Far Away
  2. Money for Nothing
  3. Walk of Life
  4. Your Latest Trick
  5. Why Worry
  6. Ride Across the River
  7. The Man's Too Strong
  8. One World
  9. Brothers in Arms  

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Ouça:


Cly Reis


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