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terça-feira, 21 de janeiro de 2014

cotidianas #268 - Sir Alex


Sir. Alex pousou o charuto sobre a borda do cinzeiro. Não havia terminado de fumá-lo mas já era hora. Apanhou seu pince-nez sobre a escrivaninha, levou-o ao nariz e então passou a procurar sua caneta tinteiro dentro de uma das gavetas. Encontrou. Hesitou um pouco ainda antes de assinar o documento à sua frente. Era uma decisão importante. Foi em frente. Ouviu a ponta da pena raspando o papel e viu a tinta espalhando-se contidamente obedecendo ao desenho de sua assinatura. Estava feito. Levantou-se então de sua confortável cadeira forrada em couro, vestiu o fraque, retirou o relógio do bolso do colete dando-lhe algumas voltas de corda, e por fim acertou levemente sua gravata borboleta. Lembrou-se que não havia colocado as abotoaduras de ouro que herdara do pai. Que diferença faria? Aqueles seriam mesmo seus últimos momentos sobre a terra. Seguiu em passos firmes até a porta do escritório e girou a maçaneta. Pôde ouvir então a fanfarra dos convidados no salão. Sabia que um deles o mataria aquela noite.


Cly Reis

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