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quarta-feira, 14 de novembro de 2012

AC/DC - "Back in Black" (1980)



"Eu pensei,
'bom, que se foda!
Eu não vou ficar sentado deprimido
todo o resto da porra do ano' "
Malcolm Young,
referindo-se à morte, naquele ano
do ex-vocalista Bon Scott
e à decisão de voltar à ativa imediatamente.


É impressionante como eu perdi tempo na minha vida brigando contra o AC/DC. Era uma espécie de implicância praticamente injustificada. Atribuía ao fato de não soar com tanto peso quanto eu julgava que um metal devesse ter, de julgar superestimada a idolatria pela guitarra de Angus Young, de o cara se vestir como um colegial, do vocalista ter uma boina de açougueiro, ao fato de ter um vocal esganiçado, de ... sei lá mais o que. Bobagem! Bobeira minha. E não é esta mesma característica pesada sem ser barulhento que eu aprecio em bandas como The Cult, por exemplo? A veia blueseira que eu admiro tanto nos hard-rocks do Purple ou do Led? E não tolero a voz esganiçada do Axl e seus Guns'n Roses? Ora, diabos! Por que que repudiava tanto as mesmas coisas no AC/DC?
Acho que a fronteira final da minha resistência se deu assistindo ao filme "Homem de Ferro 2" no qual “Shoot to Thrill” toca no início, na Expo. Aquele riff me pegou de jeito e depois de anos desconsiderando os Young e sua turma, acho que acordei. E depois todas as outras que rolam ao longo do filme, porra! Mas não só por causa do tal do filme... Onde é que eu estava todo esse tempo?
Bom, antes tarde do que nunca!
(Aqui abro um parêntese: Imagino que os apaixonados, os fãs de longa data, os puristas me olharão de viés por ter, não só demorado a perceber o óbvio da imprescindibilidade do AC/DC no universo, mas também pelo fato de só ter notado isso vendo um longa de um super-heroi canastrão num blockbuster de qualidade duvidosa; mas dir-lhes-ia então que ainda pudesse tê-lo conseguido por qualquer outro meio mais digno, como um amigo me emprestando o disco, na casa de uma namorada, ter do ido ao show só por curiosidade ou algo do tipo, da maneira que se deu só mostra como a 'luz' pode vir de, rigorosamente, qualquer lugar, até dos mais improváveis, e também que... de mais a mais, pelo menos o Homem de Ferro terá tido alguma utilidade na sua existência, não? Mas se de qualquer forma, sua eventual antipatia por este novo fã persistir, se não me considerarem digno de fazer parte de sua legião de seguidores, se considerarem sem profundidade de conhecedor esta minha resenha, ou inapto para tecê-la, eu dir-lhes ia que... ora, fodam-se, então.)
Mas voltando ao assunto, o que sei é que aqueles sinos que soam no início de “Hells Bells”, abrindo o álbum, parecem querer anunciar que o que virá dali para a frente será algo sagrado (ou profano). A partir dali começa uma aula de rock’n roll com o que é provavelmente a maior concentração de riffs espetaculares por centímetro quadrado num álbum de rock. A própria “Hells Bells mencionada é espetacular, um pouco mais cadenciada que o habitual do som da banda mas com um peso admirável; a própria “Shoot to Thrill”, objeto dessa redescoberta, é de tirar o fôlego; “Givin the Dog a Bone” é eletrizante com a guitarra de Angus pegando fogo; a belíssima “Let Me Put My Love Into You” bebe no blues mas não esquece a pegada; tem a clássica “You Shook Me All Night Long” absolutamente arrebatadora; “Back in Black”, que dá nome ao disco, simplesmente um dos maiores clássicos da história do rock, um dos riffs mais incríveis e mais lembrados de todos os tempos; e fecha com a ótima “Rock’n Rol Ain’t a Noise Pollution” um manifesto-desabafo pra encerrar com chave de ouro.
Um disco de reação e coragem da banda que resolveu voltar às atividades logo após a morte de seu vocalista original, Bon Scott, até mesmo pra não se deixar abater. E o resultado do luto foi este: um grande álbum!
Um baita disco!
Rock'n Roll puro! Na essência!
O incrível é que o AC/DC estava ali o tempo todo e eu não o percebia. Onde eu estava com a cabeça? Onde estavam meus ouvidos?
Senhor, eu era surdo, agora posso ouvir.
(Milagre!)
Que soem os sinos. Que soem os sinos!
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FAIXAS:
01. Hells Bells
02. Shoot To Thrill
03. What Do You Do For Money Honey
04. Given The Dog A Bone
05. Let Me Put My Love Into You
06. Back In Black
07. You Shook Me All Night Long
08. Have A Drink On Me
09. Shake A Leg
10. Rock And Roll Ain’t Noise Pollution

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Ouça:

Um comentário:

  1. Quem conhece o AC/DC sabe da história por trás deste álbum: o grupo da Austrália perdia uma lenda (Bon Scott, RIP) e ganhava outra (Brian Johnson). O resultado foi o disco mais vendido da história do rock (mais de 50 milhões de cópias mundialmente) e, musicalmente falando, o mais bem-acabado disco do AC/DC, na minha modesta opinião. Vale citar também a maravilhosa produção de Robert John "Mutt" Lange, que deixou tudo soando perfeitamente audível em Back in Black e fez toda a diferença, além de seu tracklist que mais parece uma coletânea de sucessos do que um simples álbum de inéditas. Resumindo: Back in Black foi o maior exemplo de superação feito por um artista (ou banda) de rock, após a triste perda de um de seus membros mais carismáticos (no caso do AC/DC, o finado Bon Scott). Sem sombra de dúvidas, um disco clássico, perfeito, histórico e obrigatório em qualquer biblioteca musical que se preze.

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